domingo, 9 de maio de 2010

Hipocondria: a doença é fictícia, mas o sofrimento é real.

Eles estão em toda parte e nas mais distintas classes sociais. Reclamam sempre das doenças e não podem passar sem médicos nem medicamentos. Não são verdadeiramente doentes, mas hipocondríacos, pessoas que têm compulsão por medicamentos.  Segundo especialistas da Unicamp, como no Brasil não tem tradição de vigilância farmacêutica, de cada três medicamentos comprados, dois são adquiridos sem receita médica. Os hipocondríacos se destacam, tanto para o grupo social como para o médico, que sofrem de muitas doenças. Na verdade, afora aquestão de origem psíquica que os leva aos consultórios e farmácias, estão muito bem de saúde.

No setor de emergência da Santa Casa de Fortaleza, a presença de hipocondríacos é constante. Não raro e tem uma pessoa na fila de espera morrendo de mentirinha, se for possível até brigando por prioridade para postar-se diante do médico e contar que está a morte. E estão surgindo os falsos hipocondríacos, pessoas normais que vão aos médicos queixar-se de problemas que não tem. Objetivo: conseguir atestados médicos e faltar o trabalho.

Ouvi médicos, psicóloga e pessoal de apoio sobre o que leva tanta gente sã aos hospitais à procura de cuidados especiais. As pessoas entrevistadas não trabalham com um número de hipocondríacos, porém afirmam que eles estão sempre brigando para serem atendidos. Pode se até imaginar a hipocondria como uma questão de saúde pública. Mas é preciso definir caso a caso, o que implicaria num processo enorme.

Os falsos doentes estão sempre a lutar por um bom lugar na fila de atendimento médico. Mas, aí está uma outra questão para ser detidamente refletida. Se o profissional de saúde perde tempo escutando as doenças que o hipocondríaco diz ter, até porque não pode deixar de atendê-lo, por um princípio moral e humanitário, deixa de prestar assistência de saúde a quem realmente está precisando dela. E muitas vezes morrendo à falta dela.

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